SEXTA, 29 DE MARÇO DE 2024|CONTATO

Por António Manuel Brito, CEM, CMP - Consultor Internacional em Marketing e Gestão de Feiras e Eventos

Sexta, 27 de abril de 2018


As feiras são sem dúvida um motor de desenvolvimento econômico de um país, não só porque contribuem para o desenvolvimento de diversos setores econômicos como um mercado real, mas também porque estimulam os negócios entre compradores e vendedores colocando frente a frente a demanda e a oferta, potenciando relacionamentos e sobretudo gerando valor econômico e social para as indústrias e segmentos que participam.

No entanto, não podemos de forma alguma dissociar o impacto econômico e social que as feiras geram para os países e cidades onde elas ocorrem, pois a sua repercussão prolonga-se muito para além do momento em que as feiras se realizam, gerando riqueza de forma direta e indireta para a cidade e o país.

As feiras de negócios são muito mais que espaços temporários privilegiados que concentram num determinado momento a oferta e a demanda de um determinado setor. As feiras são agentes econômicos e geradores da economia que causam um impacto extraordinário em todo o entorno, estejam diretamente conectados à atividade ou não.

Quando um expositor ou visitante participa numa feira de negócios o seu investimento não se limita somente ao valor do m2 ou ao pagamento da entrada numa feira, o mesmo só por si gera riqueza para toda a cidade, seja ele residente no país ou estrangeiro, pois mantem o seu padrão de qualidade de vida necessitando para tal de gastar dinheiro na hospedagem, alimentação, transportes, compras, etc.. O que permite que diferentes agentes econômicos beneficiem de forma direta através do aumento momentâneo do número de consumidores numa determinada cidade, só pelo fato de participarem numa feira.

Nesse sentido, devemos analisar o impacto econômico e social das feiras de diferentes formas: primeiro o seu impacto direto, isto é, o benefício primário direto pelo simples ato de se realizar uma feira que resulta em benefícios tangíveis para o promotor que a realiza, para as empresas que participam gerando negócio, assim como para o proprietário do recinto de feiras onde esta se realiza que loca a infra-estrutura para este ter lugar.

Em segundo lugar o impacto indireto, que resulta em benefícios secundários para todos os stakeholders envolvidos como seja, hotelaria, alimentação, transportes, turismo, agentes de publicidade e comunicação, montadoras, audiovisuais, estacionamento, compras, bebidas, entretenimento e diversão, entre outros variados beneficiários.

Por último e em terceiro lugar, o impacto induzido. A realização de uma feira de negócios numa determinada cidade por um tempo limitado envolvendo milhares de pessoas e empresas, permite como benefício terciário incrementar o PIB de um país pelos negócios gerados, fomentar a importação/exportação, gerar novos empregos contribuir para o desenvolvimento econômico de um país, potenciar investimento direto estrangeiro, capacitar através do intercâmbio de experiências que resulta num melhor “saber fazer”, retorno turístico, melhorar e reforçar a imagem de uma cidade ou país e indubitavelmente, aumentar a receita fiscal por via das trocas comerciais, fruto da realização das feiras de negócios.

Se tudo o que referi anteriormente entendermos que são resultado da existência de uma feira, iremos com certeza entender que as feiras são sem dúvida uma extraordinária alavanca econômica dos países e das cidades onde se realizam, e como tal devem ter todo o apoio das entidades competentes pois são estas os principais beneficiários. Como exemplos, e provado globalmente por entidades competentes, estima-se que cada dólar investido numa feira resulta em 10 USD de benefício para a cidade onde ela se realiza. Estudos realizados pela FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, publicados pela UBRAFE recentemente, demonstra que somente os 800 eventos realizados em São Paulo geram um benefício de 16.3 Biliões de reais e que somente 1.65 Biliões representam impacto direto, benefício primário para os organizadores.

Como curiosidade estudos feitos nos Estados Unidos pelo Boston Convention Bureau demonstram que um visitante de uma feira gasta duas vezes e meia mais que um turista, por outro lado o “Oxford Economics Business Travel Study” refere que as viagens de negócios aos EUA são responsáveis por gerar 246 Biliões de dólares e dos quais 100 Biliões estão diretamente relacionados com feiras. Nos EUA, segundo um estudo recente do Oxford Economics publicado pelo CEIR (Center for Exhibition Industry Research) concluiu-se que um visitante numa feira terá impacto indiretamente na cidade em cerca de 13.600 USD e um expositor mais de 36.100 USD.

Muitos dados e números poderíamos ter aqui referidos mas resultaria de algum modo numa demonstração fastidiosa para o leitor, que gostaria de dispensar, tal é a forma evidente de como as feiras impactam na economia e são geradoras de emprego direto e indireto, aconselhando a leitura do estudo publicado pela ABEOC em 2013 “II Dimensionamento Econômico da indústria de eventos no Brasil”, assim como do documento publicado pela UBRAFE “O impacto econômico e social das feiras de negócios em São Paulo”. São seguramente excelentes documentos de estudo e que comprovam que as feiras e os eventos contribuem de uma forma extraordinária para o desenvolvimento econômico do Brasil e que devem ser respeitadas, valorizadas e apoiadas por quem de direito, pois sem a sua existência as economias locais e nacionais não teriam a imagem e retorno econômico positivo.

Há muito que os governos e os estados reconhecem em todo o mundo o valor e importância econômica e social das feiras e como motor de desenvolvimento, assumindo para tal o compromisso para atrair ao seu destino os melhores eventos mundiais. Sem dúvida as feiras trazem valor agregado aos países e crescimento econômico que ninguém na sua plena consciência quer perder pois o seu efeito replicado em turismo futuro e claro em consumo tem um resultado econômico multiplicador.

Como corolário gostaria de citar Peter H. Hofenberg da Universidade da Califórnia em Berkeley que dizia: “As feiras já não são apenas o espelho da sociedade mas sim agentes de mudança”.


António Manuel Brito, CEM, CMP
Consultor Internacional em Marketing e Gestão de Feiras e Eventos
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