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Confirmando a tendência de desaceleração detectada desde o segundo semestre de 2014, e apesar dos esforços das companhias para manter os níveis de procura pelo transporte aéreo neste ano, a aviação doméstica decresceu em agosto.

Quarta, 30 de setembro de 2015


Confirmando a tendência de desaceleração detectada desde o segundo semestre de 2014, e apesar dos esforços das companhias para manter os níveis de procura pelo transporte aéreo neste ano, a aviação doméstica decresceu em agosto. A demanda1 por viagens aéreas nacionais registrou queda de 0,6% em relação ao mesmo mês de 2014. A oferta2 permaneceu praticamente estável na mesma base de comparação, avançando 0,1%. O fator de aproveitamento das operações, que foi de 78,7% no mês, teve uma queda de 0,6 ponto percentual. Foram pouco mais de 8 milhões de viagens domésticas em agosto, alta de 0,9 sobre o ano anterior. Os dados estatísticos são referentes às operações domésticas das companhias AVIANCA, AZUL, GOL e TAM, integrantes da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR).

“Com a alta acentuada do dólar, disparando 55% na comparação de agosto contra agosto, mas superior a isso se olharmos do início do ano passado até hoje, os custos das companhias tiveram uma elevação muito expressiva”, relata o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz.

O elemento inicial que levou à presente queda da demanda doméstica foi a retração acentuada e persistente do público corporativo, que predomina no cotidiano da aviação doméstica, e que passou a prenunciar os efeitos da crise econômica na segunda metade de 2014. Com a perda desse público, o baixo crescimento dos dois primeiros quadrimestres de 2015 estava sendo garantido pelo público geral, que vinha respondendo minimamente aos estímulos das aéreas, com esforços de vendas e tarifas promocionais. Com o agravamento da situação econômica, a demanda passa a cair de forma generalizada.

“Os estímulos para o consumo já não são suficientes para manter o crescimento do ano e comprometem nossas metas. Isso é bastante preocupante. A aviação se sustenta pelo crescimento econômico ao mesmo tempo em que induz o desenvolvimento. Romper esse ciclo é muito ruim para o país”, avalia o presidente da ABEAR. “Na última década fizemos toda nossa lição de casa de aumento de eficiência das companhias. Algumas de nossas associadas já comunicaram expressiva redução de capacidade por conta do cenário de demanda mais fraca e custos mais altos”, explica. “Medidas que dependem de outros atores incluem reduzir o peso de itens de custo que poderiam aliviar a pressão sobre o setor. Por exemplo, não podemos mais continuar tendo o querosene de aviação mais caro do mundo para os voos domésticos", enfatiza Sanovicz.

Em queda no mercado internacional, seguindo a cotação do petróleo bruto, o combustível de aviação, mesmo para voos dentro do país, é impactado pelo dólar. A tributação via ICMS, variando entre 12% e 25% nos estados, encarece ainda mais o preço. No final, o insumo no Brasil custa até 52% mais do que a média internacional (dados do Panorama ABEAR 2014). O combustível para voos internacionais, por outro lado, é isento de tributação.

Participação de mercado4 – Com 38,27% de market share, a TAM liderou a aviação doméstica em agosto. A GOL figurou a seguir, com 34,74%. A AZUL registrou 17,15% e a AVIANCA obteve 9,84% de participação.

Acumulado – De janeiro a agosto de 2015 a demanda doméstica acumula expansão de oferta de 2,9%, para uma demanda que evoluiu 3,8%. Dessa forma, o fator de aproveitamento subiu 0,7 ponto percentual, para 80,3%. O ano registra 63,7 milhões de passageiros transportados, 3% a mais do que no mesmo período de 2014.

Internacional – Na parcela do mercado internacional detida pelas empresas brasileiras, aproximadamente 30% do total, as estatísticas continuam a ser impactadas pela expansão de oferta resultante do início das operações da AZUL no segmento. A oferta total nesse caso registrou alta de 18,8%, para uma demanda que avançou 16,3%. Como resultado houve uma queda de 1,8 ponto percentual no fator de aproveitamento, que ficou em 83,5%. O total de passageiros internacionais se aproximou de 670 mil no mês, com alta de 16,9%.

Entre as companhias brasileiras, a TAM registrou a maior participação de mercado no mês: 78,89%. A GOL teve uma parcela de 13,66% da demanda e, a AZUL, 7,40%. A AVIANCA teve participação inferior a 1%.

Em oito meses a oferta acumulada tem crescimento de 15,8% e a demanda avança um pouco menos, 14,7%. O fator de aproveitamento, de 81,27%, tem queda de 0,8 ponto percentual. O total de viagens internacionais no ano se aproxima de 4,9 milhões, com crescimento de 16,1%. As participações ficam divididas da seguinte forma: TAM – 78,22%; GOL – 14,17%; AZUL – 7,55%; AVIANCA, menos de 1%.

Cargas – Em agosto, as associadas ABEAR transportaram pouco mais de 28 mil toneladas de carga no mercado doméstico, o que representa uma retração de 12,3% em relação ao mesmo mês de 2014. O segmento internacional, por outro lado, teve alta de 11,5%, somando 15,7 mil toneladas transportadas.

No acumulado do ano o mercado doméstico registra um total de 214,2 mil toneladas de cargas transportadas por via aérea (-8,6%), enquanto mercado internacional soma 112,9 mil toneladas movimentadas (3,9%).

Confira as planilhas com as estatísticas na área de Dados e Fatos do site da ABEAR, na seção NÚMEROS DAS COMPANHIAS AÉREAS ASSOCIADAS.

Glossário
1 Demanda – é medida em RPK (Revenue Passenger Kilometers ou Passageiros-quilômetro pagos transportados): é calculada por voo, pela multiplicação do número de passageiros pagantes (ou seja, excluindo tripulantes, cortesias e gratuidades) pela distância percorrida. Para uma companhia ou para a indústria, é calculado a partir do somatório dos RPKs de todos os voos daquela companhia ou de todas as companhias.

2 Oferta – é medida em ASK (Available Seat Kilometers ou Assentos-quilômetro oferecidos): é calculada por voo, pela multiplicação do número de assentos disponíveis pela distância percorrida. Para uma companhia ou para a indústria, é calculado a partir do somatório dos ASKs de todos os voos daquela companhia ou de todas as companhias.

3 Fator de Aproveitamento ou LF (Load Factor): diz respeito à relação entre oferta e demanda. É calculado por voo, pela divisão do total de assentos comercializados, independentemente do tipo de tarifa, pelo total de assentos oferecidos. Para uma companhia ou para a indústria, é calculado a partir da divisão do total de RPKs pelo total de ASKs daquela companhia ou de todas as companhias.

4 Participação de mercado (ou Market Share): refere-se à parcela da oferta, da demanda ou do número total de passageiros ou quilos de carga transportada detida por uma determinada empresa. Nas estatísticas de passageiros acompanhadas pela ABEAR, é observada pelo viés da demanda. É calculada pela divisão do total de RPKs de uma companhia pelo total de RPKs da indústria. Nas estatísticas de carga, é observada pelo peso. É calculada pela divisão do total de carga transportada por uma companhia pelo total de carga da indústria.

5 Carga: os números apresentados correspondem ao total de carga paga transportada por cada empresa nas operações regulares e não regulares (voos extra e fretamentos), mistas (cargas e passageiros) ou exclusivamente cargueiras, na medida em quilos, calculado pelas etapas compostas de voo. Não incluem as bagagens despachadas pelos passageiros.

Canais e endereços eletrônicos da ABEAR
www.abear.com.br
Facebook - facebook.com/voarpormaisbr
Twitter - @abear_br
Para mais informações: David Maziteli, Helena Capraro, Fernanda Sobreira

ABEAR
A ABEAR foi criada em 2012 pelas cinco principais companhias aéreas brasileiras – AVIANCA, AZUL, GOL, TAM e TRIP, com a missão de estimular o hábito de voar no Brasil. Entre suas estratégias de atuação estão planejar, implementar e apoiar ações e programas que promovam o crescimento da aviação civil de forma consistente e sustentável, tanto para o transporte de passageiros como para o de cargas. As empresas fundadoras representam 99% do mercado, empregam quase 60 mil pessoas, dispõem de mais de 500 aeronaves e fazem cerca de 2.700 voos diários. A entidade tem ainda mais duas associadas: TAM Cargo e TAP.